segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Glenn Hughes emociona o Circo Voador


Dizer que ontem foi uma grande noite de rock seria óbvio demais. Foi inesquecível, uma dos melhores shows que já vi no Circo Voador. E isso não é pouco, contando The Wailers, Buddy Guy, Barão Vermelho, Paralamas, Paul Di'Anno, etc.

A noite começou do lado de fora, numa estranha e civilizada fila para entrar no Circo Voador, que atrasou a abertura dos portões em 45 minutos (o Circo, não a fila).
Foi quando percebi que havia perdido as chaves de casa, provavelmente caíram do bolso no ônibus. Liguei para casa para avisar e assim acabei com a noite da patroa que iria ao cinema.
Na fila, um casal puxou papo, curiosos sobre o Circo Voador pois nunca tinham ido. Aley e Eva. Gaúchos. Ele um músico (Aley Pop Zen) que veio direto de Porto Alegre para ver o Glenn Hughes e ela moradora da Barra da Tijuca. Papo vai, papo vem e descobrimos que temos alguns amigos em comum - componentes da banda Soul de Quem Quiser. Aley se mostrou um grande fã do Hughes e estava preocupado com a quantidade de gente que poderia entupir o Circo.
Nem tanto. Havia um bom público, um pouco mais de mil pessoas.

No palco ainda vazio, notamos duas baterias. Uma grande e central e outra menor no lado do palco. Banda de abertura surpresa.
A banda de abertura Escaleno fez um show como manda o figurino: curto e direto. Tocaram bem suas músicas próprias, o que mostrou personalidade.
Com altos e baixos no seu repertório, destaque para uma canção chamada Cigarros e Bourbon, um hard-blues de boa qualidade. Algumas baladas dispensáveis e um encerramento com Black Night e Day Tripper. Nada mal. Esquentaram o público.

Na montagem do palco, o próprio tecladista da banda testava o teclado. Alguns fãs mais ligados tiraram fotos dele.

Glenn Hughes entrou no palco a mil, soltando poderosos agudos, abrindo o show com uma seqüência matadora: Stormbringer, Might Just Take Your Life e uma terceira que falava algo como "got to be free" (não identifiquei).

Na quarta música rolou a primeira historinha da noite. Hughes contou "Essa música surgiu quando eu fui até a casa do Ritchie e começamos a tocar. Uma idéia que se tornou o embrião do álbum Burn...". Saiu do palco deixando o guitarrista J.J. Marsh sozinho, tocando quase um minuto de improvisações interessantes. Nesse momento eu pensava "é ela (a música)". A banda retorna e J.J. solta o poderoso riff de Mistreated, entra o bumbo, entram baixo e teclado, e Hughes solta a poderosa voz "I've been mistreated...". Não tinha ninguém para eu dar uma cabeçada na hora, por isso mandei uma mensagem de texto para meu amigo Bruno. Algo como "Mistreated! Macacos me mordam!".

Tocou algumas do seu disco novo Music For The Divine.
Sua músicas novas são rock funqueados que lembram o Living Coulor e até o Red Hot Chili Peppers. Ele mesmo definiu como funk-rock. É o estilo característico dele, que marcou também sua fase no Deep Purple, principalmente no Come Taste The Band, este sem o Blackmore.
Contou a segunda historinha da noite sobre sua namorada que fugiu com seu melhor amigo e dessa forma o ajudou a compor boas canções. Anos mais tarde reencontrou ela e o amigo (me sopraram que era o John Lord), agradeceu por ela tê-lo deixado. Essa historinha teve tradução simultânea do tecladista Ed Roth que desenferrujou um pouco o seu português desnecessariamente (ele é americano filho de brasileira).
Rolaram ainda outras do Deep Purple como Gettin' Tighter e You Keep On Moving do Come Taste The Band. Vocais precisos, agudos muito altos, alguns gritos com muita duração, do começo ao fim do show - com tudo isso qualquer vocalista de 55 anos teria "pedido pra sair" logo no primeiro minuto. Glenn Hughes segura com facilidade e simpatia.

No bis Hughes veio com seu último hit Soul Mover seguido de Burn, outro clássico do Deep Purple bem executado e cantado.
Grande final.
Foi muito bom ouvir as músicas do Deep Purple que o Deep Purple não toca (acho que o Gilan não quer cantar), uma espécie de show complementar.



Hughes disse que vai tocar de novo aqui em Junho do ano que vem, e ainda prometeu tocar duas músicas que estavam num cartaz segurado por fãs bem no gargarejo do palco. Estarei lá.

Ainda escuto... QUEIMA!

6 comentários:

Anônimo disse...

do caralho. não fui porque cobri o tim, dei plantão domingo e tava caindo pelas tabelas. grande resenha. Valeu.
jf

Bruno disse...

Caraca!!! Jamari França lendo seu blog??? Isso que é prestígio!!!

Bruno disse...

Cara, na verdade sua mensagem foi: "Mistreated vai tnc"

Hehehheheh... Não se preocupe, não me acordou. Estou duas horas atrasado em relação ao Brasil :-)

Bruno disse...

E só para deixar claro que eu não fui ao show porque estou a mais de 3.000 km de distância. Eu não fugiria da luta :-)

Ogro disse...

O "macacos me mordam" foi para substituir o palavrão :-)

Unknown disse...

Assisti grande Glenn foi inesquecível ganhei da mão dele até a palheta na qual tocou obd