quarta-feira, 31 de outubro de 2007

No beco escuro explode a violência

Tudo bem, não era um beco, era a rua do meu amigo Aruan, mas era escura. A violência não foi tão dramática assim, abriram o meu carro e roubaram uma bolsa preta, tipo pasta.
O prejuízo? Bom, para entender o prejuízo é preciso esclarecer algumas coisas.
Fui até lá para jogar roleplaying game (é roleplaying Aruan, não errepegê!), portanto levei 4 livros grandes, pesados, de capa dura que juntos, dentro da bolsa preta deviam se parecer com um laptop. É a única explicação para alguém roubar isso.

O prejuízo foi grande em reais. Uns R$300 de livros, R$200 da frente do rádio, R$50 das chaves de casa (pois é, perdi as chaves de casa de novo!) e uns R$60 em dados poliédricos de plástico.

De tudo issso, o que mais doeu foram os dados. Eu tinha esses dados desde 1988 quando comprei meu primeiro RPG (RPG não, roleplaying game), o Dungeons & Dragons basic set que vinha numa caixa vermelha e acompanhava um conjunto de 6 dados multifacetados. Comprei na livraria Malasartes na Gávea, a pioneira em trazer esses jogos para o Rio.

Existe uma chance do ladrão saber ler em inglês, se interessar pelos livros e abandonar o crime, tornando-se um culto jogador de roleplaying game. Quem sabe um dia estaremos jogando juntos.

A frente do rádio CD/MP3 do carro foi o item mais caro (individualmente), porém duvido que o ladrão consiga vender muito bem. A frente tinha um pino de plástico quebrado (obra do Danzo) e eu tinha consertado colocando um parafuso com araldite no lugar. Espero não encontrar para vender a minha própria frente, pois não sei nem o que eu farei...

Eu sei que esse tipo de furto de objetos dentro de automóveis é bem comum nas grandes cidades, mas nunca tinha acontecido comigo. Como muitos já devem saber, a sensação é péssima.

Curioso como o ladrão abriu o carro sem quebrar nada. Me disseram que existe uma ferramenta que faz isso. Uma haste que se enfia na fresta da porta e puxa-se a tranca. Fiqueio curioso sobre isso, vou tentar fazer o experimento de arrombar o meu próprpio carro. Talvez eu consiga bolar alguma coisa que evite esse tipo de roubo.

A violência explodiu no beco escuro, mas ao contrário da música dos Paralamas, eu não estava preparado.
O mundo continua mau.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Glenn Hughes emociona o Circo Voador


Dizer que ontem foi uma grande noite de rock seria óbvio demais. Foi inesquecível, uma dos melhores shows que já vi no Circo Voador. E isso não é pouco, contando The Wailers, Buddy Guy, Barão Vermelho, Paralamas, Paul Di'Anno, etc.

A noite começou do lado de fora, numa estranha e civilizada fila para entrar no Circo Voador, que atrasou a abertura dos portões em 45 minutos (o Circo, não a fila).
Foi quando percebi que havia perdido as chaves de casa, provavelmente caíram do bolso no ônibus. Liguei para casa para avisar e assim acabei com a noite da patroa que iria ao cinema.
Na fila, um casal puxou papo, curiosos sobre o Circo Voador pois nunca tinham ido. Aley e Eva. Gaúchos. Ele um músico (Aley Pop Zen) que veio direto de Porto Alegre para ver o Glenn Hughes e ela moradora da Barra da Tijuca. Papo vai, papo vem e descobrimos que temos alguns amigos em comum - componentes da banda Soul de Quem Quiser. Aley se mostrou um grande fã do Hughes e estava preocupado com a quantidade de gente que poderia entupir o Circo.
Nem tanto. Havia um bom público, um pouco mais de mil pessoas.

No palco ainda vazio, notamos duas baterias. Uma grande e central e outra menor no lado do palco. Banda de abertura surpresa.
A banda de abertura Escaleno fez um show como manda o figurino: curto e direto. Tocaram bem suas músicas próprias, o que mostrou personalidade.
Com altos e baixos no seu repertório, destaque para uma canção chamada Cigarros e Bourbon, um hard-blues de boa qualidade. Algumas baladas dispensáveis e um encerramento com Black Night e Day Tripper. Nada mal. Esquentaram o público.

Na montagem do palco, o próprio tecladista da banda testava o teclado. Alguns fãs mais ligados tiraram fotos dele.

Glenn Hughes entrou no palco a mil, soltando poderosos agudos, abrindo o show com uma seqüência matadora: Stormbringer, Might Just Take Your Life e uma terceira que falava algo como "got to be free" (não identifiquei).

Na quarta música rolou a primeira historinha da noite. Hughes contou "Essa música surgiu quando eu fui até a casa do Ritchie e começamos a tocar. Uma idéia que se tornou o embrião do álbum Burn...". Saiu do palco deixando o guitarrista J.J. Marsh sozinho, tocando quase um minuto de improvisações interessantes. Nesse momento eu pensava "é ela (a música)". A banda retorna e J.J. solta o poderoso riff de Mistreated, entra o bumbo, entram baixo e teclado, e Hughes solta a poderosa voz "I've been mistreated...". Não tinha ninguém para eu dar uma cabeçada na hora, por isso mandei uma mensagem de texto para meu amigo Bruno. Algo como "Mistreated! Macacos me mordam!".

Tocou algumas do seu disco novo Music For The Divine.
Sua músicas novas são rock funqueados que lembram o Living Coulor e até o Red Hot Chili Peppers. Ele mesmo definiu como funk-rock. É o estilo característico dele, que marcou também sua fase no Deep Purple, principalmente no Come Taste The Band, este sem o Blackmore.
Contou a segunda historinha da noite sobre sua namorada que fugiu com seu melhor amigo e dessa forma o ajudou a compor boas canções. Anos mais tarde reencontrou ela e o amigo (me sopraram que era o John Lord), agradeceu por ela tê-lo deixado. Essa historinha teve tradução simultânea do tecladista Ed Roth que desenferrujou um pouco o seu português desnecessariamente (ele é americano filho de brasileira).
Rolaram ainda outras do Deep Purple como Gettin' Tighter e You Keep On Moving do Come Taste The Band. Vocais precisos, agudos muito altos, alguns gritos com muita duração, do começo ao fim do show - com tudo isso qualquer vocalista de 55 anos teria "pedido pra sair" logo no primeiro minuto. Glenn Hughes segura com facilidade e simpatia.

No bis Hughes veio com seu último hit Soul Mover seguido de Burn, outro clássico do Deep Purple bem executado e cantado.
Grande final.
Foi muito bom ouvir as músicas do Deep Purple que o Deep Purple não toca (acho que o Gilan não quer cantar), uma espécie de show complementar.



Hughes disse que vai tocar de novo aqui em Junho do ano que vem, e ainda prometeu tocar duas músicas que estavam num cartaz segurado por fãs bem no gargarejo do palco. Estarei lá.

Ainda escuto... QUEIMA!

domingo, 28 de outubro de 2007

Meus melhores CDs dos últimos 3 anos

Há algum tempo queria listar os últimos excelentes Cds que caíram na minha mão.
Vou listar os melhores dos último 3 anos. Se alguém tiver algum a acrescentar ou quiser discordar, manda um comentário.

Angel of Retribution - Judas Priest
2004 - Rob Halford retorna à sua banda de origem para cantar um dos melhores álbuns de Heavy Metal de todos os tempos. Acha exagero? Pois eu não. O álbum soa clássico, tocado pela mais clássica banda de Heavy Metal em atividade do planeta. Mais clássica até que o oitentista Iron Maiden. O álbum parece saído do final dos anos 70 diretamente para o século 21. Coisa raríssima neste desgastado gênero musical. Destaque para as faixas Judas Rising, Revolution (a melhor do disco), Angel (baladão romântico) e Lochness.


Baladas do Asfalto & outros blues - Zeca Balaeiro
2005 - Baleiro lança o seu quinto álbum de inéditas, logo seguido por um álbum ao vivo. Recheado de pérolas como Cachorro Doido, Meu Amor Minha Flor Minha Menina e Alma Nova, Zeca Baleiro mostra quem é o atual mestre da MPB. Destaque também para a citação dos Mutantes - bom gosto que se repetiu no álbum ao vivo com Secos & Molhados.


Negro Amor - Toni Platão
2006 - O cantor, dublê de radialista esportivo, aprofunda suas raízes na música popular brasileira sem renegar suas origens roqueiras dos anos 80. O resultado é um excelente disco, com arranjos acústicos complexos e modernos. Méritos para Toni e sua banda composta de músicos competentes e experientes. Dessa vez a Som Livre deu uma dentro. Destaque para a música título Negro Amor de Caetano Veloso, além de Mammy Blue e Louras Geladas. Toni Platão impõe sua marca de intérprete e faz esses antigos sucessos tornarem-se novas músicas.


Wolfmother - Wolfmother
2006 - O trio australiano mostra mais uma vez que na terra dos cangurus rola um rock´n roll de primeira. Mostrando forte infuência de Black Sabbath e Led Zeppelin, a banda é liderada pelo guitarrista e vocalista Andrew Stockdale. Um debut clássico para a banda. Mal posso esperar pelo segundo álbum.
Destaque para Dimension, White Unicorn e Woman, as três abrindo o CD em seqüência avassaladora.


Cabaret - Cabaret
2006 - Já falei muito sobre essa banda, mas faltou dizer que o álbum de estréia é bom demais. Bateria viva e precisa, baixo marcante e guitarra na medida certa do hard rock, tudo isso sustentando uma ótima performance e voz. Com maturidade e segurança Cid Boechat (sustituído por Bruno Fochi), Marcelo Caldas, Pedro Carrilho e Márvio Rafael mostram como se faz um verdaderio álbum de rock´n roll. Aqui tem uma ótima resenha sobre o disco e a banda.

Agora estou ouvindo o novo do The Cult, Born Into This.
Também o novo dA Bolha, É Só Curtir.
Se eu gostar eu faço um post sobre esses.
Até mais. Hoje tem Glenn Hughes no Circo!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Blues romântico

Esse é o meu blues preferido (dentre os que eu compus).
Foi escrito em Abril de 1994 e acho que foi um dos últimos blues que eu fiz.
Não tinha nada para postar, então vou requentando algumas relíquias...

Não Me Deixe Aqui Sozinho
(Yuri Kauss) - versão para 'Don´t Leave Me' de Buddy Guy

Não, não me deixe, baby
Não me deixe aqui sozinho
Não, não me deixe, baby
Não me deixe aqui sozinho
Fiz esse blues sofrendo
Estava quase amanhecendo

Costumava ficar em casa
Sem ter nenhuma atenção
Por que não pensa em mim, baby
E acalma meu coração?

Não me deixe, baby
Não me deixe aqui sozinho
Esta noite ainda há pouco
Me fez amor me deixou louco

Tentei dormir esta noite
Não pude pregar os olhos
Não, não sei o que acontece
Minha mente não te esquece

Não me deixe, baby
Não me deixe aqui sozinho
Me acostumei com seu carinho
Não me deixe aqui sozinho

Minha mãe tentou me criar
Para ser um bom rapaz
Agora você me estragou
Maltratou até demais

Não, não me deixe, baby
Não me deixe aqui sozinho
Sem você aqui comigo
Minha vida não faz mais sentido

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Celso Blues Boy no Circo Voador

Na sexta-feira fui assistir a mais um show do Celso Blues Boy. Para mim é sempre bom vê-lo e ouvi-lo ao vivo, mesmo depois de ter assistido a mais de 100 shows dele (essa é a minha conta por alto. Há controvérsias).
Até aí nada de mais. Nem iria postar um comentário sobre o show, mas o post do Jamari França no seu blog do Globo Online me incomodou um pouco.

Vamos aos fatos.

O show era e sempre foi do Celso Blues Boy. O Celso era a atração principal da noite, ou headliner no termo em inglês. Toda a divulgação do Crico Voador deixa isso bem claro.

CELSO BLUES BOY
Show de ABERTURA: Jefferson Gonçalves e banda
Show de ENCERRAMENTO: A Bolha

Show de encerramento não é atração principal. É um show DEPOIS do show.

Esclarecido isso, posso dizer que foi um bom show, apesar de curto. Qualquer show do Celso Blues Boy com menos de 2 horas de duração é curto. Uma hora e meia é bem curto.

Jefferson Gonçalves fez um show bom. Não ligo muito para o som desse gaitista. Apesar de achá-lo tecnicamente bom com o instrumento e de ele ser uma cara simpático (conversei com ele uma vez no Nectar), nunca ouvi nada que realmente acrescentasse. Acho que falta um pouco de vontade para criar e compor alguma coisa relevante. Tirando isso, o cara toca bem e a banda que o acompanha é muito boa também.

Celso Blues Boy entrou tocando a abertura clássica "Tempos Difíceis" com sua banda carioca de apoio (ele tem outra banda de apoio em Santa Catarina), a mesma que o acompanhou na temporada no Café Etílico com exceção do baterista. Aliás o baterista atual é excelente. Se alguém souber os nomes dos componentes me passa (acho que o guitarrista tem o apelido de Gargamel).


Celso mesclou alguns sucessos como "Damas da Noite", "Marginal" ,"Amor Vazio" e "Onze Horas da Manhã" com músicas novas como "Quem Foi que falou (que acabou o rock'n roll)" e "Casa da Luz Vermelha". Não faltaram clássicos como "Fumando Na Escuridão" e o bis esperado "Aumenta Que Isso Aí É Rock'n Roll".
Musicas bem executadas, com solos competentes do Celso que cantou pouco, bem pouco, deixando para o público a maior parte dos versos de suas músicas antigas. As participações de Big Joe Manfra (guitarra) e Ivo Pessoa (voz), além do Jefferson Gonçalves (gaita) foram boas.
Depois do show do Celso, o público dispersou, o que já era esperado pela organização do Circo Voador e totalmente sabido pela banda A Bolha.

A Bolha entrou no palco lá pelas 3 da manhã e se apresentou de forma consistente. Tocou alguns clássicos da banda dos anos 70 como "Um Passo à Frente", além de outras como "Não Pare Na Pista" de Raul Seixas. Música da mesma época, mas que parece ter entrado no repertório (e no disco novo) por influência do baixista Arnaldo Brandão, que esteve recentemente envolvido no projeto Baú do Raul, além de ter tocado com o mesmo nos anos 70, logo após sair da Bolha. Arnaldo retorna à banda para reviver o Mark II da Bolha (levando-se em consideração a fase The Bubbles). É uma boa adição à Bolha tanto no quesito técnica quanto presença de palco. Os outros membros são: Pedro Lima, Renato Ladeira e Gustavo Schroeter.


Saldo bem positivo da noite. Ver veteranos como o Celso Blues Boy lançando novas músicas e o retorno da setentista Bolha mostra que o rock'n roll agoniza, mas não morre.

É isso aí, crianças. Dinossauro que anda é que faz o chão tremer.