segunda-feira, 15 de março de 2010

Não teve Guns 'n' Roses

Formação clássica: Duff, Slash, Axl, Steven e Izzy

Depois do breve temporal - que assolou o Rio ontem no início da noite - derrubar parte do palco em que o Guns 'n' Roses iria se apresentar na Praça da Apoteose, o show foi cancelado.

Os organizadores do show, a Time For Fun, terão que arcar com o prejuízo de devolver o valor dos ingressos a cada espectador e ainda devem ser processados por outras despesas como taxas de (in)conveniência, despesas de viajem e hospedagem, etc.
No fim será a seguradora contratada por eles que arcará com o prejuízo.

Mesmo que marquem outra data para o show, muitos ainda vão preferir ter seu dinheiro de volta.
Não só pelo receio de ter novamente o show cancelado, mas por ter na data de ontem sua única oportunidade de assisitir ao show.
Uma provável data seria no início de abril, após o show do Equador, no dia 1 de abril em Quito.
A Time For Fun já manifestou a intenção de remarcar o show.

É uma pena que esses contratempos sejam a tônica da turnê da banda de Axl Rose no Brasil.
Depois dos atrasos incomensuráveis em São Paulo e Brasília, a banda cover de Axl terá amanhã, em Porto Alegre, sua última chance de realizar uma apresentação digna do legado que o nome Guns 'n' Roses traz.

A banda, que era formada por Axl Rose (vocais), Slash (guitarra solo), Izzy Stradlin (guitarra base), Duff McKagan (baixo) e Steven Adler (bateria) na época do lançamento de seu primeiro e fantástico álbum Appetite for Destruction, não existe mais.
Hoje é formada por trocentos guitarristas, tecladista e etc. Tudo para reproduzir as músicas como elas foram gravadas. Uma banda cover capitaneada por Axl Rose, único remanescente da formação que alcançou o estrelato.

De qualquer forma eu iria ver o show ontem. Tenho alguns motivos para isso.
O primeiro é que eu gosto do Sebastian Bach - que faria o show de abertura.
A segunda é que considero o Axl Rose um grande vocalista de heavy metal - sim, heavy metal, pois o álbum Appetite For Desrtuction é um álbum de heavy metal.
Pra mim esses dois cantores já valiam o show, mesmo achando o novo álbun do GNR, Chinese Democracy, muito fraco.



Só para constar, veja abaixo o set list do show do Guns 'n' Roses em São Paulo:

Chinese Democracy
Welcome to the Jungle
It´s so Easy
Mr. Brownstone
Sorry
Better
Live and let Die
If the World
Rocket Queen
Street of Dreams
Scraped
Sweet Child O' Mine
You Cold be Mine
Novemeber Rain
Knocking' on Heaven´s Doors
Nightrain

Bis:
Madagascar
Shackler's Revenge
This is Love
Patience
Paradise City

quarta-feira, 3 de março de 2010

Velhas Virgens no Circo Voador

A mão no canto direito inferior da foto, de luva preta, é do meu amigo Waagner (com dois "a" mesmo).

Fotos de Mauricio Suñer, roubadas do site http://www.velhasvirgens.com.br/

A idéia era entrar no Circo na hora do show do Cabaret. Errei feio. Cheguei no meio do show da primeira banda, pouco antes das 23h.
Tudo bem, pelo menos eu iria conferir o trabalho de todas as bandas da noite. Nenhuma que eu tivesse ouvido falar além do Cabaret e das Velhas Virgens – maior banda de rock independente do Brasil, como eles mesmos se intitulam.

O show do Circo foi parte do festival Grito Rock que aconteceu em duas noites, sexta e sábado, com diversas bandas. Só para constar, na sexta o show principal era com Móveis Coloniais de Acajú, uma banda simpática que negligenciei propositadamente.

Antes de falar dos shows em si, um pequeno retrospecto: eu vinha de uma mini-temporada de shows do Cabaret na Drinkeria Maldita, foram 4 quintas-feiras. Eu fui às 3 últimas. Também assisti recentemente às Velhas Virgens no Teatro Odisséia.
Esse “recentemente” quer dizer que não sei exatamente quando foi; perdi a contagem do tempo no último ano por motivos diversos (não, não tem nada a ver com substâncias ilícitas).

Acabei assistindo às 3 bandas antes do Cabaret – não sei exatamente quais, nem a ordem. Duas delas deram seu recado. Uma que só cantou músicas em inglês (inclusive Riders On The Storm do Doors) e outra que tinha um vocalista que lembrava bastante a performance do Cazuza no palco – infelizmente as músicas não lembravam, apesar de terem soado rock’n roll. Um dos guitarristas tocou até uma gaita, dando um toque southern rock ao som.

O Cabaret entrou no palco por volta de 1 da manhã, com a platéia já impaciente para ver as Velhas Virgens, que estavam agendadas para as 1h20 (alguém acreditava?).
Foi engraçado o embate entre o Márvio, vocalista do Cabaret, e parte do público que pedia as Velhas. Ele provocou logo de cara, perguntando se aquilo ali é que era o Circo Voador. Quando pediram a “saideira”, logo depois da primeira música executada pela banda, o vocalista “heterossexual sensível” disse que não tinha pressa para sair do palco, eles que esperassem pra ver as Velhas Virgens.
Mesmo com um público adverso, o Cabaret fez seu show de maneira correta, um pouco reduzido. Acho que tocaram duas ou três músicas a menos.
Uma parte da platéia não enxergou (ou escutou) as semelhanças entre o som do Cabaret e o das Velhas. São bandas bem diferentes a primeira vista.
Apesar de ambas tocarem rock e de usarem o humor, o rock das Velhas é blues-rock enquanto o rock do Cabaret é hard-rock. O humor também é diverso. O Cabaret é cínico e ri de todos e de si mesmo, já as Velhas são escrachados e diretos, quase pastelão. Percebi algumas meninas reclamando que o Márvio era muito afetado – não conseguiam perceber a presença do personagem no palco. Foi praticamente o mesmo show que já falei aqui.
O público mais xiita das Velhas Virgens não prestou a devida atenção ao Cabaret e perderam uma boa oportunidade de conhecer a melhor banda de rock do Rio. Rock bom é rock bom. Não tem que ser igual. Mesmo com uma minoria barulhenta na ponta esquerda do público, o Cabaret agradou de um modo geral.

Enfim as Velhas Virgens

Subiram no Palco por volta de 2h30. Visivelmente emocionados por subir no palco do Circo Voador pela primeira vez.
O show é praticamente todo calcado no álbum mais recente: Ninguém Beija Como As Lésbicas – uma ópera rock, segundo eles mesmos.
A banda entra toda arrumadinha, com figurino tipo bookmaker de mafioso. O figurino obviamente não sobrevive nem até a metade do show.
Começa com o Gênio da Garrafa, uma brincadeira com o público em que Paulão entra vestido como um Elvis em fim de carreira.




Apesar de tocarem poucos clássicos, a animação do público é grande. As Velhas têm um trunfo que nenhuma banda tem: são populares por conta da internet e tocaram pouquíssimas vezes no Rio nesse 24 anos de carreira (4 vezes pelas minhas contas: 2 vezes no Garage, 1 vez no Teatro Odisséia e essa última no Circo).
Eu acompanho “de longe” as Velhas Virgens desde 2001 e tive a sorte de assistí-los com 3 formações diferentes, uma delas em São Paulo no extinto Rock’n’Roll Bar ainda com a Claudia Lino nos vocais. Posso dizer que a banda muda, mas não perde o espírito: Tuca, Cavalo e Paulão formam um núcleo sólido.
O guitarrista Roy Carlini é versátil: toca, canta e compõe. A vocalista Juju (Juliana Kosso), de todas que passaram pela banda, é a que sabe usar melhor a sensualidade. Aliás sensualidade é pouco, ela é pornográfica mesmo – encarna o personagem com gosto. Os figurinos dela são um show à parte.

O show acelera com a música Essa Mulher Só Quer Viver na Balada – um rock rápido com pegada punk. Daí pra frente o público ficou descontrolado.
Foram dezenas de subidas no palco para abraçar, puxar microfone e depois mergulhar de volta. Rapazes e moças alucinados pelo rock. Apesar do excesso, as invasões não atrapalharam o show. Lá pela décima segunda o segurança do Circo ficou um tanto irritado, mas tudo correu sem problemas.
Juju canta o pop-rock Cafajeste e Paulão faz o Circo cantar a plenos pulmões a balada A Última Partida de Bilhar. Histórica participação da platéia em uma música de álbum novo. A "maior banda de rock independente do país" mostra aqui que não é a ‘maior’ só da boca pra fora.
Roy e Juju cantam Strip’n’Blues, com Paulão fora do palco e mostram que as Velhas não são só o ‘velho’.
Até aí, só músicas do disco novo.


Quando soltaram os clássicos Siririca Baby, B.U.C.E.T.A e Abre Essas Pernas foi quase como derramar um copo de cachaça de volta no alambique – a platéia já era deles.
Paulão conversa bastante com a platéia. Mexe com quem está quieto no show, faz mímica para cutucar quem está com a cabeça apoiada no punho ou de braço cruzado. Pede para as namoradas pegarem nos ‘paus’ dos namorados, desce do palco para mostrar como fazer isso direito. Derrama cerveja no pé de uma menina que subiu no palco e bebe de joelhos a cerveja que escorre pelos pés da moça, efim, não economiza no quesito interação.

Lá pelas tantas, pedem licença para puxar algumas marchinhas de carnaval – sim, teve um momento baile de carnaval atendendo a pedidos e aproveitando a proximidade com a festa anual do samba. Paulão reclama que Adoniran Barbosa, assim como Noel Rosa, completou 100 anos e nenhuma Escola de Samba de São Paulo notou. Sem querer ofender o Paulão, mas existe Escola de Samba em São Paulo?!?!?
Explicou que eles costumam ouvir de tudo para ajudar na composição de suas canções. Tocaram as suas marchinhas e a platéia roquenrol foi junto, sem medo. O Quê que Você tem na Boca Maria e O Homem do Bigode Cheiroso foram executadas com cabeludos de camisa preta pulando alucinados.
Afinal, como ele mesmo disse, se podem nos enfiar micaretas goela abaixo o ano todo, as Velhas também podem fazer o seu bailinho. Atacaram de Samba do Arnesto de Adoniran em versão punkabilly para fechar o bloco.

Um detalhe bizonho: as cartas de baralho no palco são a Dama “Q”, o Rei “K” e o Curinga “Jocker”... “Jocker” com “ck”! Não seria “Joker”??

As Velhas Virgens pisaram pela primeira vez no palco do Circo Voador com a autoridade de serem, nos últimos 24 anos, a linha de frente do roquenrol no país. Fizeram um show memorável para um público que, mesmo aqueles que não são fãs da banda ou que nunca tinham visto, se rendeu e se divertiu com um “som estúpido e velho chamado rock’n’roll” (citando o Paulão).

Não perco de jeito nenhum o próximo show das Velhas Virgens no Circo Voador.