terça-feira, 25 de setembro de 2007

Canção de ninar

Era uma vez um elfo encantado
Que morava num pé de caqui
Em cima morava um duende safado
Que vivia fazendo pipi
Um dia o elfo se aborreceu
E na porta do duende bateu
Foi nessa ocasião
Que eles então
Se casaram

Veja aqui uma captura tosca desse trecho do filme.

(Extraído do filme de animação 'O Bicho Vai Pegar')

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Ateu, graças a Deus

Para quem achava que eu jamais voltaria a pregar o ateísmo, pode se surpreender, assim como eu, com o resultado da minha leitura do livro "Deus, um delírio" do consagrado autor inglês, radicado nos Estados Unidos, Richard Dawkins.
As calorosas discussões filosóficas ficaram para trás, mais precisamente em 1990, nos bancos do térreo do Bloco 'E' do CEFET. Quando certa vez, um amigo de turma, apelidado de Kiko, um ateu convicto e combatente (na época), fez uma colega crente chegar às lágrimas numa discussão sobre Deus. Bons tempos aqueles (coisas da idade).
O livro faz qualquer um repensar suas posições religiosas (ou anti-religiosas). Apesar de ser um ensaio, não é uma leitura maçante. Pelo contrário, empolga pela profusão de idéias e argumentos inteligentes.
Sei que não estou mais na idade de perder amigos por causa de idéias, mas talvez ganhe um ou dois por causa delas.

Reproduzo abaixo a tabelinha para medir o seu nível de "crença" do capítulo 2:

1- Teísta convicto. Probabilidade de 100% de que Deus existe. Nas palavras de C. G. Jung, "Eu não acredito, eu sei".
2-Teísta de facto. Probabilidade muito alta de Deus existir, mas que não chega aos 100%. "Não tenho como saber com certeza, mas acredito fortemente em Deus e levo minha vida na pressuposição de que ele está lá."
3- Tecnicamente Agnóstico, com tendência ao teísmo. Probabilidade maior que 50%, mas não muito alta. "Tenho muitas incertezas, mas estou inclinado a acreditar em Deus"
4- Agnóstico completamente imparcial. Exatamente 50%. "A existência e a inexistência de Deus têm probabilidades extamente iguais."
5- Tecnicamente Agnóstico, mas com tendência ao ateísmo. Chance inferior a 50% de Deus existir. "Não sei se Deus existe, mas estou inclinado a não acreditar."
6- Ateu de facto.Probabilidade muito baixa, mas que não chega a zero. "Não tenho como saber com certeza, mas acho que Deus é muito improvável e levo minha vida na pressuposição de que ele não está lá."
7- Ateu convicto. "Sei que Deus não existe, com a mesma convicção com que Jung 'sabe' que ele existe".

É difícil encontrar muita gente na categoria 7, mas a categoria 1 é bastante populosa.
Durante muitos anos eu fiquei na categoria 5, hoje estou firmemente no centro da categoria 6. Se você, leitor, quiser expressar sua categoria nessa questão, use o link de comentários abaixo.

Polêmicas à parte, o livro é um ensaio defendendo o ateísmo. Por isso mesmo é uma leitura altamente recomendada para os teístas. Deve fazer com que essa gente pense um pouco sobre seus radicalismos arcaicos, ou, no mínimo, fique ofendida. O que já é lucro.
Será que ficar feliz com uma possível ofensa tomada por um teísta é muita mesquinharia? É sim. Mas fica de revide pelo enorme preconceito desferido aos ateus no Brasil e no mundo. Só para defender minha opinião previamente de possíveis ataques, leia 10 Mitos e 10 Verdades sobre o Ateísmo.

"Não julgueis e não sereis julgados. Pois, vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos, com a mesma medida com que medirdes."
- Mateus 7, 1-5.
Essa singelas palavras de Jesus segundo o Evangelho de Mateus são as mais ignoradas pelos Cristãos, daí todo o preconceito contra quem não compratilha sua crença.

"Não há nenhuma necessidade eterna que exija que toda culpa seja paga e expiada - foi uma ilusão terrível, útil num grau mínimo, crer que tal coisa existisse -; assim como é uma ilusão que seja culpa tudo o que é sentido como tal. Não as coisas, mas as opiniões sobre as coisas que não existem, perturbaram dessa forma a humanidade!"
- Aurora, de Friedrich Nietzsche.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Dirigível de chumbo vai decolar novamente

Os remanescentes da banda Led Zeppelin vão se reunir para tocar em Londres, no dia 26 de Novembro, para uns poucos 20 mil privilegiados.
Fica a pergunta no ar: vai ter turnê mundial? É claro que vai. Vão tocar no Brasil? Sim. No Rio? Provavelmente.
Vamos aos porquês.

(na Apoteose em 27 de Janeiro de 1996)

Page e Plant já tocaram no Rio há 11 anos atrás, executando canções do Led Zeppelin com uma roupagem acústica e orquestrada. O show foi um sucesso de público. Esse show foi um dos melhores shows da minha vida, com o melhor encerramento de todos que já vi. Todo mundo saiu da Apoteose com um sorriso no rosto, e nem tocaram Stairway To Heaven. O sorriso também estava no rosto dos músicos. Muita gente pode discordar, mas foi um show do Led Zeppelin, mesmo a banda intitulando-se Unledded.



O Rio corre o risco de não ver esse show, mas São Paulo não. Os empresários de música no Brasil são muito limitados. Não entendem nada do negócio. Veja o caso do The Who que teve turnê cancelada, mesmo sendo óbvio que seria um sucesso absurdamente estrondoso.
Led Zeppelin é bem maior que The Who, principalmente no Brasil. Lógico que estou comparando infinito e infinito mais 1. Mesmo assim os cariocas correm o risco de não verem um show do Led Zeppelin no Rio por conta da incompetência de empresários do show business.
A volta do Led Zeppelin é um alerta para bandas antigas que estão ainda na ativa. Uma primeira turnê do LZ certamente vai faturar mais que as turnês do Rolling Stones. Se lançarem material novo, um álbum novo, o que é pouco provável, podem vender milhões, bater recordes e tal. Coisa que os Stones não fazem há algumas décadas.
Outra banda que está parada há anos é o AC/DC. Tremendo gigante do rock'n roll que também tocou no Brasil pela segunda e última vez em 1996 (não tocou no Rio), outro grande show da minha vida.
Recentemente ventilaram que os Sex Pistols vão voltar (mais uma vez) e fazer shows. Estes são realmente uma banda menos popular, principalmente para o público brasileiro, mas ainda assim conseguiriam tocar para uns 15 mil espectadores aqui no Rio. Talvez um pouco mais em Sampa. Dependendo do formato e do preço do ingresso.

Vai ser duro esperar para ver o Zeppelin de novo, desta vez com o John Paul Jones no baixo. É algo que eu não esperava mais ver na vida. Enquanto isso vou me mantendo vivo.
"Verdugo, verdugo. Olha lá, Acho que vejo meus amigos chegando, cavalgando por muitas milhas. O que vocês trazem, amigos, para me livrar do cadafalso?"
O puro rock´n roll!
Quem viver verá.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Irmãos Na Magia - um conto de fantasia (parte 3)

(veja aqui a parte 2)

A voz firme do irmão o arrancou de seus pensamentos. Randal estava de joelhos no chão com o livro aberto, apoiado nas mãos. Ele estava ajoelhado bem no centro do círculo que traçara no chão como proteção. Manarus percebeu que estava com um pé fora do círculo, desenhado com areia e pó de prata, e deu um passo curto para se colocar totalmente dentro.

- Acho que podemos começar. Você terá que repetir o encanto depois de mim a cada pausa. Segure o livro comigo e recitaremos juntos.

Manarus se ajoelhou ao lado do irmão e os dois iniciaram o ritual. Randal dizia que havia comprado o livro de um estranho comerciante de passagem. Manarus nunca contestara essa história, mas no fundo de sua mente uma vozinha o incomodava. Ela lhe dizia: “Quanto você acha que custaria um objeto como esse livro antigo?”, “Como Randal conseguiria dinheiro para negociar tal objeto?”. Secretamente admirava o irmão por isso também. Deslumbrado pela possibilidade de realizar um poderoso e complexo ritual de magia, Manarus simplesmente ignorou aquela voz no fundo de sua mente, recusou-se mais uma vez a julgar os atos do seu irmão de criação.

Randal prosseguia recitando as palavras do ritual com uma precisão surpreendente. Ou assim parecia a Manarus que se esforçava para repetir em voz alta cada sílaba que o irmão recitava. Os jovens feiticeiros recitaram cuidadosamente por sete vezes todo o texto dos pergaminhos que formavam o livro, mas nada aconteceu. Randal estava furioso e praguejava contra a lua no céu noturno. Mas Manarus não estava apenas decepcionado. Ele estava intrigado. Por várias vezes pode sentir emanações mágicas vindas daquelas páginas, não podia acreditar que estivesse completamente enganado sobre ele. Aqueles pergaminhos não poderiam ser uma fraude.

- É possível que tenhamos pronunciado alguma palavra erradamente, Randal.
- Não! Não é! Estudei cada uma delas, cada letra, cada respiração, cada entonação!

No seu ataque de fúria e frustração, Randal atirou o livro aberto ao chão, deu um pique de alguns metros e chutou um pequeno arbusto, gritando como um animal. Manarus não prestava atenção nele e sim no livro no chão da clareira. Algo chamou sua atenção sobre aqueles velhos pedaços de papel e tecido. Quando ele se aproximou do livro e olhou para ele, iluminado, pela luz da lua, ele viu as palavras escritas nas páginas. Palavras ocultas por uma magia tão elaborada que passaram desapercebidas por todas as divinações tentadas pelos dois irmãos. Mas agora eram claras, palavras mágicas que descreviam um novo ritual, menor, mais direto e mais poderoso. Ou seria apenas real, enquanto o outro, mais facilmente revelado, era um engodo?
- Veja, Randal. O pergaminho nos revela outro ritual sob a luz da lua.

Randal correu até o pergaminho e o tomou em suas mãos afoitas. Leu por alguns instantes aquelas recém reveladas linhas e soltou uma gargalhada. Seu riso soou insano e perverso para Manarus. Então ele começou a ler e iniciou o verdadeiro ritual para evocação do demônio.

O jovem feiticeiro parou algumas vezes para ter certeza que iria pronunciar as próximas palavras com a exatidão exigida pela arte que tentava dominar. Ao terminar de recitar, ambos ficaram parados, observando tudo a sua volta, por alguns instantes apenas, mas que para eles pareceram anos.

Foi então que sentiram um tremor no chão.

Um vento forte e quente, que parecia vir de lugar nenhum, açoitou os rostos dos dois feiticeiros. O vento aumentou de intensidade bruscamente como que em resposta ao medo crescente que eles sentiam. Tiveram que lutar para ficar de pé.

De repente o chão se abriu com um estrondo de terra se movendo. Uma luz intensa e avermelhada surgiu da fenda aberta no solo daquele local sagrado. Manarus notou que as sombras se escureciam cada vez mais. As trevas cresciam, se esticavam por todos os cantos, entre as árvores e as rochas, como garras tentando alcançar uma presa. Sentiu-se acuado. Indiferente ao que acontecia em volta dele, Randal fitava avidamente a fenda no chão com olhos arregalados e um sorriso nos lábios.

Ambos tremeram e recuaram um passo quando a mão saiu da terra. Os dois irmãos olharam em volta, certificando-se que estavam dentro do círculo mágico de proteção traçado no chão. A outra mão da criatura surgiu.

Agarrando-se à terra molhada, braços enormes cobertos por uma pele grossa como couro, avermelhada como sangue, surgiram da fenda. Os braços da criatura se esticavam num esforço para erguer o corpo soterrado. Arqueadas como garras, as mãos fincavam as unham compridas na lama, puxando o corpo para a superfície.

A cabeça monstruosa da criatura podia ser vista agora. Com o rosto voltado para baixo, arrastando-se na lama, quatro chifres escuros e pontiagudos brotavam do topo. Ela ergueu o rosto da lama, olhando na direção dos magos. A princípio não se podia ver seus olhos cobertos de lama, mas logo a lama escorreu revelando o olhar maligno do demônio. Seus olhos totalmente negros brilhavam, refletindo a pálida luz da lua.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Conto

Um post rápido para divulgar um conto de um colega do Bar Do Escritor, LITURGIA.
Achei que merecia.
Um dia eu chego lá.

domingo, 2 de setembro de 2007

Miséria, miséria em qualquer canto

Finalmente assisti o filme Caixa Dois. Sobre o filme não tenho muito a comentar, boas atuações, um enredo simpático e roteiro engraçadinho. O ponto mais marcante de tudo foi que o filme me comoveu. Comoveu pela inocência dos personagens, mocinhos e vilões. O mundo financeiro é muito mais diabólico do que mostrou o filme.
Porém a comoção não ficou só na inocência, foi um misto de auto-piedade e revolta. Auto-piedade por eu ser pobre, em alguns sentidos. Revolta pela péssima distribuição de renda do país, mesmo que eu já tenha arquivado todos esses sentimentos socialistas há muitos anos. E olha que no filme só aparece a classe média...
Pois é exatamente assim que eu (e outros. Veja um Ensaio sobre a pobreza) me sinto: um miserável de classe média.

Meu plano A era me aposentar na área de tecnologia com uma aposentadoria complementar privada, bancada em parte por uma empresa, de preferência multi-nacional. Desisti disso. É muito difícil permanecer numa mesma empresa mais do que 5 anos (eu nunca consegui ficar nem 5 anos!), por melhor que seja a empresa. O mercado exige que você se mova, seja para ganhar mais e subir de cargo ou trocar de atividade simplesmente pelo desafio de vencer o tédio.

O plano A está em "hold" e estou me dedicando ao plano B que não posso revelar no momento (existe um link abaixo do post para comentários se quiserem reclamar). O plano C também já foi preparado, pode ser ativado a qualquer momento. É o plano Saída Galeão. Começou com a minha cidadania portuguesa. Como muitos dizem, Portugal é ali pertinho da Europa, assim como Miami é ali pertinho dos Estados Unidos. Esse plano C é isso. Morar e trabalhar na Europa.

Por que não é esse o plano A? Por causa de uma simples e hedionda palavra: trabalhar.
Riquezas são diferentes.