segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Ateu, graças a Deus

Para quem achava que eu jamais voltaria a pregar o ateísmo, pode se surpreender, assim como eu, com o resultado da minha leitura do livro "Deus, um delírio" do consagrado autor inglês, radicado nos Estados Unidos, Richard Dawkins.
As calorosas discussões filosóficas ficaram para trás, mais precisamente em 1990, nos bancos do térreo do Bloco 'E' do CEFET. Quando certa vez, um amigo de turma, apelidado de Kiko, um ateu convicto e combatente (na época), fez uma colega crente chegar às lágrimas numa discussão sobre Deus. Bons tempos aqueles (coisas da idade).
O livro faz qualquer um repensar suas posições religiosas (ou anti-religiosas). Apesar de ser um ensaio, não é uma leitura maçante. Pelo contrário, empolga pela profusão de idéias e argumentos inteligentes.
Sei que não estou mais na idade de perder amigos por causa de idéias, mas talvez ganhe um ou dois por causa delas.

Reproduzo abaixo a tabelinha para medir o seu nível de "crença" do capítulo 2:

1- Teísta convicto. Probabilidade de 100% de que Deus existe. Nas palavras de C. G. Jung, "Eu não acredito, eu sei".
2-Teísta de facto. Probabilidade muito alta de Deus existir, mas que não chega aos 100%. "Não tenho como saber com certeza, mas acredito fortemente em Deus e levo minha vida na pressuposição de que ele está lá."
3- Tecnicamente Agnóstico, com tendência ao teísmo. Probabilidade maior que 50%, mas não muito alta. "Tenho muitas incertezas, mas estou inclinado a acreditar em Deus"
4- Agnóstico completamente imparcial. Exatamente 50%. "A existência e a inexistência de Deus têm probabilidades extamente iguais."
5- Tecnicamente Agnóstico, mas com tendência ao ateísmo. Chance inferior a 50% de Deus existir. "Não sei se Deus existe, mas estou inclinado a não acreditar."
6- Ateu de facto.Probabilidade muito baixa, mas que não chega a zero. "Não tenho como saber com certeza, mas acho que Deus é muito improvável e levo minha vida na pressuposição de que ele não está lá."
7- Ateu convicto. "Sei que Deus não existe, com a mesma convicção com que Jung 'sabe' que ele existe".

É difícil encontrar muita gente na categoria 7, mas a categoria 1 é bastante populosa.
Durante muitos anos eu fiquei na categoria 5, hoje estou firmemente no centro da categoria 6. Se você, leitor, quiser expressar sua categoria nessa questão, use o link de comentários abaixo.

Polêmicas à parte, o livro é um ensaio defendendo o ateísmo. Por isso mesmo é uma leitura altamente recomendada para os teístas. Deve fazer com que essa gente pense um pouco sobre seus radicalismos arcaicos, ou, no mínimo, fique ofendida. O que já é lucro.
Será que ficar feliz com uma possível ofensa tomada por um teísta é muita mesquinharia? É sim. Mas fica de revide pelo enorme preconceito desferido aos ateus no Brasil e no mundo. Só para defender minha opinião previamente de possíveis ataques, leia 10 Mitos e 10 Verdades sobre o Ateísmo.

"Não julgueis e não sereis julgados. Pois, vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos, com a mesma medida com que medirdes."
- Mateus 7, 1-5.
Essa singelas palavras de Jesus segundo o Evangelho de Mateus são as mais ignoradas pelos Cristãos, daí todo o preconceito contra quem não compratilha sua crença.

"Não há nenhuma necessidade eterna que exija que toda culpa seja paga e expiada - foi uma ilusão terrível, útil num grau mínimo, crer que tal coisa existisse -; assim como é uma ilusão que seja culpa tudo o que é sentido como tal. Não as coisas, mas as opiniões sobre as coisas que não existem, perturbaram dessa forma a humanidade!"
- Aurora, de Friedrich Nietzsche.

3 comentários:

Bruno disse...

Cara, eu estava justamente pensando em escrever um post sobre religião, mas resolvi esperar um pouco já que tenho uma opinião muito parecida com a sua. Soaria muito radical. Mas você está respaldado por um livro. Talvez isso te ajude. Eu acho que estou no nível 6 também. Vivo como se deus (eu escrevo deus em letra minúscula. Lobo Mau de Chernobyl) não existisse. Eu preciso de provas para poder acreditar. Ainda não me provaram, então por enquanto não acredito. Se um dia me provarem...
Em breve escreverei sobre o deus que acredito. É só aguardar.

Rocha disse...

Yuri sam! Eu s escrevo para você e o Bruno fico feliz por saber quie tenhos dois amigos tão intelectuais mesmo que vezes ecrevem só bosta mas não entenda isso como uma retaliação mais siom uma critica construtiva, gostei muito do post, mais acho que tem assuntos melhores e mais interessantes do que deus pois sempre achei que religião era fuga para os fracos, mais quem sou eu para julgar um simples mortal. Bem um forte abraço e continue a escrever pois, eu me ocupo na parte da mnha lendo os ensaios do Bruno e agora os seu claro!

Anônimo disse...

Será que o fato de vc ser ateu atrapalha as novenas da mãe?!?
Na tabelinha eu sou do tipo 1, mas a minha definição de Deus é muito particular. Acredito numa força maior, numa energia positiva, em alguma coisa que se soubesse Física Quântica talvez conseguisse explicar...
Mas esse papo fica melhor depois de alguns drinks!