sábado, 17 de outubro de 2009

Nossa cor favorita no Circo Voador

Sexta-feira foi o dia da batalha de Vila Isabel. Porém, eu não estava nem aí.
Fui ao Circo Voador ver mais uma vez o show da banda Living Colour.
E que show!

Liderados por... ou melhor, difícil destacar um líder da banda no palco.
A formação clássica se mantém desde o retorno aos palcos em 2000: Vernon Reid (guitarra), Corey Glover (voz), Doug Wimbish (baixo e vocais) e Willian Calhoun na bateria. Todos músicos muito competentes e que não decepcionam ao vivo.
Mais do que isso, surpreenderam com uma desenvoltura de quem tocava na sua própria garagem.



Logo no início tocaram Time's Up e seguiram com algumas músicas do álbum novo.
O Living Colour tomou uma direção previamente anunciada e adicionou muitos elementos eletrônicos à sua música. Sequências, samplers, etc. Tudo isso deixa o som um tanto difícil de digerir em um primeiro momento. A técnica está lá - tocam muito - mas soa experimental demais para uma banda de rock quase clássico.
No final e no bis, fizeram a platéia delirar com vários hits seguidos.
Apesar dos pedidos de Back In Black, cover do AC/DC que eles tocam às vezes - gravaram no álbum de 2000, Callideoscope - não deram esse gostinho de prévia do que será o show do Morumbi, mas de quebra mandaram Crosstown Traffic do Hendrix.
Mandram os clássicos Elvis Is Dead, Love Rears Its Ugly Head e Cult of Personality.
Doug (baixo) estava particularmente inspirado. Interagiu com a platéia o tempo todo, pulou do palco para tocar no meio do povo, apertou mãos, olhou fotografias que alguns fãs mostraram pra ele e no final do show mandou um belo mosh e saiu por trás do público, literalmente nos braços da galera para retornar em seguida ao palco.


Mais rock'n'roll impossível.

Corey (voz), depois do bis, também quis tentar a brincadeira e foi erguido pelo público ao dar um mosh um tanto hesitante. Dessa vez o resultado foi mais preciso: pulou do palco e depois de uma voltinha sobre as mãos do público, foi devolvido.
Willian (bateria) fez um solo com efeitos visuais. Leds que mudavam de cor na ponta da baqueta direita e outro led vermelho na ponta da outra, riscando o ar e formando desenhos coloridos. A luz foi diminuída para que a galera percebesse o efeito.
E por último, mas não menos impressionante, Vernon. Tremendo guitarrista, fez solos rapidíssimos e outros lentos, com feeling. Desfilou uma grande gama de técnicas na guitarra, fez alguns back vocals e apertou alguns botões de efeitos e sequências pré-gravadas de bateria e teclados em que ele colocava a 'cobertura'.


O baixista também apertou seus botõezinhos para gerar efeitos sonoros. O preferido foi um latido de cachorro.
Não gosto de interferências eletrônicas, mas, apesar do tom experimental, o Living Colour consegue utilizar essas papagaiadas sem estragar o mais importante: a música.


Ainda voltei pra casa de ônibus. Tranquilamente. Completamente alheio à guerra que rolava no Morro dos Macacos.

What's your favorite color, baby?

Um comentário:

Bruno disse...

Concordo... o experimentalismo eletrônico deixa o som impossível de compreender, mas quando resolvem tocar rock 'n roll, aí o buraco é mais embaixo. Fazem com maestria.