segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Finalmente, Barrichello


O fim de semana esportivo foi bem interessante.
O volei feminino ganhou o Grand Prix, o meu Vascão é líder da segundona, com direito a recorde de público no dia do aniversário do clube, e o piloto Rubens Barrichello finalmente venceu com sua Brawn e reassumiu a vice-liderança do mundial de F1.
De todos os resultados, o do Barrichello é o mais significativo. Tá bom... o volei foi campeão, mas era um título esperado, afinal somos o país do voleibol.
Só que um dia já fomos o país da Fórmula 1.

Quando Barrichello começou a correr, tentou assumir o posto de piloto vencedor que, na época, era de Ayrton Senna. Obviamente, e sem demérito nesse ponto, não tinha nem tem o talento de Senna. Pouquíssimos pilotos na história da F1 poderiam ser comparados ao tricampeão Senna. Mas Barrichello teve essa pretensão.
Como não conseguiu ao longo da carreira uma chance real de ser campeão, foi alvo de todo tipo de crítica da torcida brasileira. A maior parte dela merecida.
Depois do acidente que sofreu em 1994, nos treinos da corrida em que morreria Senna, tornou-se um piloto lento. Perdeu a vez. Porém insistiu, e está correndo até hoje.
É o recordista histórico em participações em GPs da F1.
Ontem conseguiu sua décima vitória, a primeira pilotando sua Brawn. As outras nove haviam sido pilotando a Ferrari.

Sempre achei o Barrichello um cara sem personalidade e sem sorte de campeão. Falta algo a ele. Ele fala com uma confiança exagerada, como se quisesse primeiro convencer a si mesmo de que é capaz de vencer, que está tudo bem com ele e com o carro. Já passou por fases de chororô na Ferrari, quando era instruído a dar passagem para Shumacher em algumas corridas, fazendo o claro papel de segundo piloto. No entanto não passava essa informação para o público brasileiro. Sempre buscando ocupar um lugar imaginário de ídolo do automobilismo. Virou chacota.

Ontem ele foi outro Barrichello.
Primeiro vou falar daquilo que não foi ele que fez:
1- A McLaren errou feio. Hamilton entrou nos boxes para reabastecimento e troca de pneus sem que sua equipe estivesse preparada. Perdeu uns 8 segundos nessa confusão. Barrichello o passou como era esperado, mas abriu muita diferença, acabando com as chances do atual campeão na corrida.
2- A Brawn não errou, mudou a estratégia na hora certa antecipando sua segunda troca de pneus em algumas voltas, em parte para evitar a troca com safety car (que acabou não entrando na pista) e principalmente porque já tinha uma vantagem suficiente para voltar na frente do Hamilton. Vantagem construída por Barrichello na pista.

O resto ficou a cargo do piloto. Barrichello fez uma corrida perfeita.

Largou em terceiro, segurou sua posição nas primeiras curvas e seguiu perto das McLarens de Hamilton e Kovalainen. Vinha com mais combustível para parar mais tarde e passou Kovalainen nos boxes, parou depois dele e voltou à frente do segundo piloto da McLaren.
Barrichello andou muito mais que todos. Seu companheiro de equipe, Jenson Button, largou mal fez algumas lambanças leves e depois recuperou um pouco, chegando em sétimo.

Barrichello fez algo que não fazia há muitos anos: correu para vencer. Mostrou que pode ser campeão.

Venceu em Valência com a autoridade de um bom carro, competência de um bom piloto e sorte de campeão.

Ainda falta muito para o campeonato terminar. Massa não deve voltar esse ano (nem Schumacher), mas uma chance de ver um piloto brasileiro disputando um título de F1, mesmo que com poucas chances é algo que eu estou acostumado a ver.

Se Barrichello fizer mais duas corridas como essa, no mínimo vai garantir um cockpit para 2010.

Para não perder a viagem, uma foto de Jenson Button e minha amiga tri-atleta, Nicole.



Até a Bélgica.

3 comentários:

Bruno disse...

Cara, o Barrichello era só a pessoa errada, no lugar errado, na hora errada.

Muitos pilotos brasileiros como ele já correram na categoria e não foram tão avacalhados pelo simples fato de não receberem tanta atenção.

O país se acostumou com Fitipaldi, Piquet e Senna, mas no meio disso tudo tivemos Pupo Moreno, Gugelmim, Boesi...

O Rubinho virou o foco das atenções quando o Senna morreu e gostou do posto. Deu no que deu.

Bruno disse...

A propósito, na Bélgica, Rubinho voltou a ser o que esperamos dele. Largou mal e fez uma corrida sofrível.

Terminou tirando o pé com um motor quase estourado.

Ogro disse...

Da onde menos se espera é daí que não vem nada mesmo.
Só que discordo sobre a performance do Barrichello na Bélgica. Acho que ele fez um boa corrida, tirando a largada péssima (e sem explicação até agora). E vazamento de óleo é culpa do motor e não do piloto.