quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Chacoalhando o universo


O novo álbum do Queen, The Comos Rocks, foi recebido com muita desconfiança pelo público em geral.
O título deve ser uma referência à tese de doutorado do guitarrista Brian May, astrofísico nas horas vagas.
O álbum é, para surpresa geral, muito bom.
É claro que se você nunca gostou de Queen, também não vai gostar desse disco.
A voz é de Paul Rodgers, não de Freddie Mercury, o que deixa tudo com um pouco mais de peso. A banda perde o vozeirão de Mercury para ganhar a pegada de Rodgers.
Paul é mais rock'n roll do que Freddie era.



Muitos dizem que não foi uma troca justa. Eu inclusive. Mas o que importa é o que essa formação do Queen consegue fazer hoje, e não o que a formação anterior fazia no passado.
Aliás, me recuso a chamar a banda de "Queen mais Paul Rodgers", como se uma banda trocar de vocalista fosse algum tipo de pecado mortal.
Se assim fosse, bandas como AC/DC, Black Sabbath, Barão Vermelho e muitas outras não teriam a carreira que têm (ou tiveram).
Freddie Mercury foi uma grande perda para a música mundial, mas o rock'n roll não morre com ele.
Nem com Jimi Hendrix, nem com Bon Scott, nem com Cazuza, nem vai morrer com Keith Richards (tá bom, foi um mau exemplo, já que Keith não vai morrer nunca mesmo).

O álbum The Cosmos Rocks, faixa a faixa:

1. Cosmos Rockin' é um excelente roquenrol rasgado. Quase um rockabilly no estilo de Tie Your Mother Down.
2. Time To Shine é um rock típico do Queen que acaba soando como Bad Company (por motivos óbvios), o que no fundo não faz diferença.
3. Still Burnin' é um power-blues marcante. Talvez seja a maior contribuição de Paul Rodgers até agora para o Queen.
4. Small é uma balada com equilíbrio entre Paul e Brian, junta muitas características da carreira dos dois músicos. Não impressiona muito, mas é de boa qualidade. Um pouco acima da média desses cantores e bandas que rolam por aí na mídia.
5. Warboys é um rock que remete ao álbum The Miracle, um dos últimos do Queen com Mercury.
6. We Believe é uma música lenta e melódica. Essa ficaria melhor na voz de Freddie.
Na falta dele, a banda faz o que pode... e consegue um bom resultado.
7. Call Me é um pop com uma pegada reagge. Um faixa inusitada e agradável.
8. Voodoo é um pop-blues que remete a alguns trabalhos do Bad Company. Brian May tem a chance de tocar algo que ele não tinha tocado com o Queen até então.
9. Some Things That Glitter é outra música lenta e melódica. Paul se dá bem nessa.
10. C-lebrity é um rock pesado mesclando as características mais roquenrol dos musicos com arranjos vocais típicos, adivinhem,... do Queen!
11. Through The Night é mais um pop blues onde a guitarra de Brian e a voz de Paul casam perfeitamente.
12. Say It's Not True é uma baladona, sentimental, feita sob medida para Roger Taylor cantar junto com o público. O baterista canta essa faixa no disco, relembrando o início da carreria do Queen quando ele e Brian também cantavam faixas nos álbuns.
13. Surf's Up... School's Out! é um rock'n roll do Queen. Não preciso acrescentar mais nada. Ah sim... acrescento que tem uma gaita de fundo.
14. Small [reprise] é uma versão mais curta da faixa homônima para encerrar o álbum num clima tranqüilo.

No final das contas, um álbum de inéditas à altura do nome do Queen. Um disco para se ouvir e gostar.
Para aqueles que ainda querem chorar a morte de Freddie Mercury, que chorem.
Para os verdadeiros amantes da música, Queen é ainda a soberana do rock'n roll.

The show must go on!

Vejo vocês na Arena dia 29/11.

3 comentários:

Bruno disse...

E que venha o show!!! Apesar de suspeitar que no concerto não vão tocar muita coisa nova.

Bruno disse...

Ouvi o disco novo e fiquei com a impressão que sua resenha é melhor do que o album. Gostei muito da faixa de abertura mas depois achei que o disco fica muito em volta de baladas.

Se fosse para apontar uma proximidade, acho que está mais próximo do Bad Company do que do Queen. Na verdade percebi poucos elementos do Queen. Talvez tenha sido essa minha maior frustração.

Ogro disse...

Eu tive essa sua mesma impressão, mas depois de ouvir algumas vezes e comparar com The Miracle e A Day At The Races percebi mais do Queen do que do Bad Company. O blues, que não existia no Queen, chama muito a atenção mesmo. Somado à voz do Bad Company... no final, o Queen prevalece nos arranjos vocais e melodias.